Festival terá homenagens, árias de ópera e concerto para crianças

O Encontro com a Música Clássica, realizado pelo Governo do Estado de Mato Grosso do Sul por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Cidadania (SECC) em parceria com a Prefeitura Municipal de Campo Grande, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (SECTUR) e Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), acontece de 10 a 15 de Outubro, no Teatro Glauce Rocha, às 20 horas, com entrada Gratuita.  

Em 2017, a programação começa com uma homenagem à violonista Mayara Amaral, covardemente assassinada no dia 24 de Julho desse ano em Campo Grande e que fazia parte da cena musical sul-mato-grossense. Seu trabalho destacou-se por ser uma exímia instrumentista e também por sua pesquisa sobre mulheres compositoras para violão, tema de seu mestrado recém-concluído na Universidade Federal de Goiânia.
A Orquestra Sinfônica Municipal de Campo Grande abre essa noite com a obra do compositor Eduard Grieg, Ases Death, “Uma linda peça que também é um lamento”, explica o maestro Eduardo Martinelli ao fazer referência ao pesar dos músicos de Campo Grande pela perda de um talento do violão. “Mayara esteve conosco em vários momentos, já atuou como solista com a Orquestra e éramos também colegas e amigos. Fazer essa homenagem é lembrar sua vida e arte e também uma forma de abraçar toda a família e mostrar nossa indignação com a violência contra a mulher”, completa Martinelli.
É a segunda vez em 11 edições que o Encontro tem um artista homenageado. Na primeira vez a reverência foi ao instrumentista boliviano, Edgar Mancila (1965-2013), que junto com outros grupos trazia a música latino-americana ao festival.
Além da orquestra, a noite segue com vários intérpretes do violão erudito, como Ivan Cruz, Pieter  Rahmeier e Lais Fujiyama, Marcelo Fernandes e o Quarteto Toccata, com obras que vão de Astor Piazzolla a Franz Schubert.
Programação - Um encontro de violoncelos marca o dia 11, com um grupo com mais 40 instrumentistas que se reúne para executar várias peças, algumas compostas especialmente para eles pelo próprio maestro Martinelli. A Camerata de Madeiras Dedilhadas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul também se apresenta na quarta-feira tendo como solista o violinista Edison Verbisk.
No dia 12 de Outubro, Dia das Crianças, a Orquestra recebe o Palhaço Dentinho, em um espetáculo que promete ser cheio de surpresas para as crianças convidadas especiais para esse dia.  Corais infantojuvenis da Fundação Ueze Zahran, Pciu/UFMS, Grupo de Incentivo à Cidadania e Qualidade de Vida-Viver Bem e Fraternidade Amália Franco também participam do concerto.
Dia 13, mais uma vez no palco do festival terá a Orquestra Sinfônica Municipal de Campo Grande que se apresenta e ainda recebe solistas do Duo Siqueira Lima (SP) e o Trio RIL (MS). Dia 14 as atrações são o Quarteto Meridional (MS) e o Brasil in Trio (GO).
Famosas árias de ópera como “Fígaro” da abertura do Barbeiro de Sevilha, “Habanera” e “Brindisi” estarão no repertório de encerramento do festival, no dia 15, com solistas do Paraná, acompanhados do Coro de Câmara de Campo Grande.
“Teremos uma semana muito intensa, cheia de emoção e de arte, o público de Mato Grosso do Sul merece ouvir a qualidade musical do que vem sendo produzido em Campo Grande e que vai para além das fronteiras, pois a música tem um poder universal de unir as pessoas”, destaca o maestro.
Em novembro, o Festival segue pelas cidades de Coxim, Paranaíba, Maracaju, Chapadão do Sul, Corguinho, Rio Negro, Dourados, Ponta Porã, Rio Brilhante e São Gabriel D’oeste.

 Serviço – O festival acontece de 10 a 15 de Outubro, no Teatro Glauce Rocha, às 20 horas. A entrada é gratuita. No local também haverá um posto de recolhimento de alimentos não perecíveis para serem doados a instituições assistenciais.


 


Mayara Amaral – Artista homenageada

Mayara Amaral começou a estudar violão aos 13 anos, depois que sua família se mudou de Ponta Porã – cidade que faz fronteira com o Paraguai e na qual a musicista que passou grande parte de sua infância – para Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul. Exímia intérprete, concluiu o curso de graduação em música na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul em 2011. A peça que escolheu para tocar no processo seletivo foi “Valsa Brilhante”, do compositor paraguaio Augustín Barrios, uma escolha que mostra a maturidade precoce da musicista e sua preocupação em prestar tributo às suas raízes fronteiriças. Em 2017 Mayara concluiu o mestrado em música na Universidade Federal de Goiás, tendo como orientador o Prof. Dr. Eduardo Meirinhos. Atualmente, a musicista era professora de artes na Escola Municipal Professor Arlindo Lima, em Campo Grande, e estava preparando um projeto para concorrer a uma vaga no doutorado do Programa de Pós-Graduação de Música da Unicamp.

Durante sua breve e produtiva carreira, a musicista participou de master-classes e cursos de aperfeiçoamento com os violonistas: Mario Ulloa (UFBA), Fábio Zanon (Londres/SP), Edelton Gloeden (USP), Gilson Antunes (UFPA), Franz Halasz (Alemanha), Leo Brouwer (Cuba), Judicael Perroy (França), entre outros. Também em 2011, obteve o segundo lugar no Prêmio Campo Grande de Música de Concerto, na categoria Violão Solo – Adulto. Obteve Menção Honrosa no VIII Concurso de Violão da FITO, em 2014. 

Mayara integrou o Duo Caazapá (o nome faz referência à outra peça de Augustín Barrios), juntamente com Pieter Rahmeier e fez parte da primeira formação do Quarteto Toccata. Para além do cenário da música erudita, Mayara ainda integrou a banda Pétalas de Pixe, formada pelo músico Jerry Espíndola e pelas musicistas Priscila Corrêa, Jane Jane e Ju Souc. Antes de ter sua vida ceifada de forma brutal (https://goo.gl/owX4xR), Mayara estava ensaiando para estrear com a banda Vacas Profanas, formada apenas por mulheres e que continha em seu repertório músicas de teor feminista como “Mulamba”, da banda de mesmo nome, “Vaca Profana”, de Caetano Veloso e “Pagu”, de Rita Lee. 

Uma de suas últimas apresentações foi o concerto de defesa de seu mestrado realizado na EMAC, na Universidade Federal de Goiás. Na ocasião Mayara tocou peças compostas por mulheres para o violão durante a década de 1970. Peças de Lina Pires de Campos, Adelaide Pereira da Silva, Eunice Katunda, Esther Scliar e Maria Helena da Costa. Algumas das peças resgatadas e estudadas por Mayara nunca haviam sido executadas em público.  

O trabalho de Mayara, musicista séria e talentosa, serve agora como inspiração para outras mulheres que se dedicam ao violão e a galgar um espaço em um meio ainda tão restrito a músicos do sexo masculino. Como salientaram os professores Edelton Gloeden, Gilson Antunes, Gisela Nogueira e Luciano Morais em manifesto publicado após a morte da musicista, no dia 31 de julho de 2017, “Mayara se foi, mas sua vida e sua morte nos mostra de modo cristalino a necessidade de aprofundar o debate sobre o feminicídio e sobre a cultura machista em nosso meio”. 


Texto – Pauliane Amaral 

3 comentários:

  1. Precisa pegar o ingresso com antecedência?

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    1. Olá Robson. Não é preciso, porém as portas serão fechadas quando lotar. Sugiro chegar com pelo menos meia hora de antecedência.
      Att. Lilian

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  2. Quem não pode ir no primeiro dia poderá ir nos demais?

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